Empresário denunciado na Operação Rubi é preso em Linhares

today31 de agosto de 2020
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O Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do subprocurador-geral de Justiça Judicial, Josemar Moreira, pediu a prisão preventiva do empresário José Carlos Marcondes Soares, denunciado por participar de uma organização criminosa constituída para lesar os cofres públicos dos municípios de Presidente Kennedy, Marataízes e Piúma.

A Justiça deferiu o pedido e o mandado de prisão foi cumprido no final da tarde de sexta-feira, 28 de agosto. O empresário foi preso em Linhares por integrantes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPES, com o apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar da instituição, e levado para o Presídio Regional localizado no município.

A prisão foi decretada porque o empresário descumpriu medidas cautelares determinadas pela Justiça nos processos decorrentes da Operação Rubi, deflagrada em 2019. Ele foi proibido de manter contato com os demais investigados e denunciados na ação penal e teria de ficar em recolhimento domiciliar de 22h às 6 horas, durante a semana, e nos dias de folga. No entanto, uma investigação do Gaeco apurou que o empresário forçou a entrada na casa de um dos réus do caso e passou a noite lá. Ao sair, levou com ele bens pessoais desse réu, que prestou informações contrárias aos interesses do empresário durante a investigação.

Diante dos fatos, o MPES apontou que o empresário representava risco concreto de prejuízos à instrução processual, à ordem pública e à aplicação da lei penal, além de demonstrar desprezo aos órgãos de justiça e possível interferência na coleta de dados e provas complementares às investigações. Por essas razões, foi requisitada a prisão.

Entenda o caso
O empresário teve a prisão preventiva decretada inicialmente quando a Operação Rubi foi deflagrada pelo Gaeco, mas se tornou foragido da Justiça. Nesse período, o Gaeco realizou diversas diligências para prendê-lo e apurou que ele havia se refugiado no Estado de Pernambuco. No curso do processo, porém, a 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Espírito Santo revogou o mandado de prisão preventiva dele para impor medidas cautelares.

A Operação Rubi foi deflagrada no dia 8 de maio de 2019 pela Subprocuradoria-Geral de Justiça Judicial e pelo Gaeco-Central, com o apoio do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do MPES e da Polícia Militar. Na ocasião, foram presos a prefeita de Presidente Kennedy, um secretário do município, um contador, um empresário e o motorista. Todos foram presos na casa da prefeita, quando houve o flagrante do recebimento de propina de R$ 33 mil.

Além dos mandados de prisão temporária, foram cumpridos na operação cinco mandados de afastamento funcional de agentes públicos e 11 mandados de proibição de acesso às dependências de órgãos públicos, além de 25 mandados de busca e apreensão em Presidente Kennedy, Marataízes, Jaguaré, Piúma, Cachoeiro de Itapemirim, Linhares, Jerônimo Monteiro, Grande Vitória e no Estado do Rio de Janeiro. Os mandados foram cumpridos nas residências de investigados, em órgãos públicos e empresas suspeitas de integrar o esquema.

Operação Rubi: contratos investigados somam mais de R$ 150 milhões
As apurações iniciais da Operação Rubi apontam que os contratos de limpeza urbana e de transporte público com evidências contundentes de superfaturamento somam mais de R$ 150 milhões, quando analisado o período de 2013 a 2018. A maior parte desse montante, R$ 105,7 milhões, é referente a contratos firmados entre quatro empresas investigadas e a Prefeitura de Presidente Kennedy. 

A empresa de limpeza urbana, alvo da Operação Rubi, recebeu pagamentos de cerca de R$ 60 milhões dos municípios de Presidente Kennedy, Marataízes e Piúma, de 2015 a 2018. 

De acordo com relatório do TCEES, dos 30 municípios com menos de 15 mil habitantes, Presidente Kennedy foi a cidade que mais gastou com limpeza pública e coleta de resíduos sólidos (lixo) entre 2013 e 2017: R$ 16 milhões. 

Presidente Kennedy gastou mais com coleta de resíduos sólidos que Colatina (R$ 14 milhões), município com população de 123.598 habitantes e território quase três vezes maior. Presidente Kennedy gastou mais com limpeza urbana por habitante que Vitória, Serra, Vila Velha e Cariacica. 

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