Agressor de cadela no município da Serra se diz arrependido

today22 de abril de 2021
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Ouvido pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos contra os Animais na reunião desta quinta-feira (22), Fabrício Silvério Reis confirmou ser o autor das agressões à cadela Nina, ocorridas no último dia 9 de abril, na Serra, mas disse estar “profundamente” arrependido. Por sugestão do colegiado, ele concordou em arcar com a metade do valor gasto no tratamento do cão, cujo custo total é de R$ 2,2 mil.

O mecânico de refrigeração, de 31 anos, explicou que tomou tal atitude porque o bicho teria avançado sobre ele, sua mulher e sua filha, e comprovou com documentos que levou uma mordida. Diante do acontecido, detalhou que foi até a casa dele, onde pegou um facão que usou para agredir a cadela, causando corte profundo na cabeça e focinho. Ele negou, mais de uma vez, que estaria embriagado, conforme relato da tutora do animal, Valesca Gonçalves de Oliveira. 

“Não fui para fazer a maldade, aconteceu”, ponderou Fabrício Reis, que afirmou ter procurado os donos do cão após o fato para oferecer ajuda financeira. Contrariamente do que afirmou a tutora, disse que a cadela Nina vive na rua e, além disso, tem o costume de avançar em pessoas e automóveis. Ele falou que está morando fora de sua casa, em Serra Dourada III, por causa de perseguições motivadas pela publicação de sua foto em rede social. 

Para os deputados da CPI, no entanto, a ação foi premeditada. “Você foi em casa, pegou o facão de forma premeditada e voltou”, argumentou o vice-presidente do colegiado, Vandinho Leite (PSDB). “Não resta a menor dúvida de que o senhor agiu de forma premeditada”, concordou Janete de Sá (PMN). 

A presidente da CPI foi além: “O fato de ele estar na rua não dá ao senhor o direito de fazer o que fez, porque ele é um animal indefeso”, frisou. “O senhor cometeu um crime que é passível de punição”. Sobre a exposição de Fabrício Reis nas redes sociais, ela pontuou que isso demonstra a insatisfação da comunidade com a violência praticada.

O arrependimento de Fabrício, que manifesta na vontade de ajudar nos custos do tratamento da cadela Nina foram considerados pontos atenuantes pelos deputados. Para Janete de Sá, houve negligência por parte da tutora ao não conseguir manter o cachorro dentro de casa e, por isso, sugeriu o rateio dos custos comprovados. “Esse animal não pode ficar solto”, avaliou. 

A CPI entendeu que os fatos relatados na reunião estão de acordo com o inquérito aberto pela Delegacia Especializada de Proteção ao Meio Ambiente (DPAM) e comprova crime de maus-tratos. Todo o material debatido na reunião será enviado ao Ministério Público Estadual (MPE-ES), com posição favorável ao indiciamento de Fabrício Silvério Reis. 

Também participaram da CPI a presidente da Comissão Especial de Proteção aos Animais da OAB-ES, Marcella Rios Gava Furlan; e a presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-ES), Virgínia Teixeira do Carmo Emerich. 

A reunião no Plenário Dirceu Cardoso foi autorizada por ato da Mesa Diretora, contando com a presença de servidores, convidados e convocados essenciais ao trabalho e adotando-se os protocolos sanitários de proteção contra a Covid-19.

Por Marcos Bonn
Fotos: Lucas Silva

Fabrício Silvério Reis. (Foto Lucas Silva).
Valesca Gonçalves de Oliveira. (Foto Lucas Silva).

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