Anchieta passa a ter ONG para mulheres vítimas de violência doméstica e transexuais

today20 de dezembro de 2023
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ONG formaliza-se em 2023 totalizando atendimento a 293 mulheres e transexuais em Anchieta, Piúma e Iconha

A equipe do Grupo de Acompanhamento à Mulher, o Projeto GAM, celebrou em uma confraternização no ultimo dia 11 de dezembro o registro oficial da ONG, realizado em cartório no dia 04 de dezembro de 2023.

A ONG existe desde 2016 e atualmente auxilia 293 mulheres que sofrem violência doméstica, entre os municípios de Anchieta, Piúma e Iconha. “Nós levamos ao psicólogo, ao médico, para tudo nós corremos atrás. Nós procuramos assistência jurídica, assistente social. A gente corre atrás de tudo para ajudar,” explica Alessandra Belmond, presidente do projeto.

O carro chefe de trabalho é o de suporte às mulheres vítimas de maus tratos, contudo, paralelamente, a ONG também desenvolve um trabalho de acolhida e apoio às pessoas transexuais em vulnerabilidade social.

No início ela atuava sozinha no atendimento, encaminhamento e acompanhamento dos casos. A partir de 2023, outras voluntárias foram se identificando com a causa e agregando-se ao trabalho. Atualmente há uma equipe voluntária em cada uma dessas localidades, formada somente por mulheres, auxiliando em problemas como depressão, violência, abuso sexual e drogas. Elas prestam serviços como tesoureiras, secretárias, etc.

A iniciativa de mobilizar-se para a criação do projeto foi da presidente da ONG, que é cabelereira e pastora na cidade. Alessandra, tal como as mulheres que hoje ajuda, também já foi vítima de violência doméstica em relacionamentos passados, o que a impulsionou ser a ativista que é hoje.

“O sofrimento delas é grande, mas foi através do sofrimento que já vivi que me comoveu a fazer isso por elas, porque eu me lembro de que tive um relacionamento que meu ex-companheiro me humilhava muito com nomes depreciativos. Eu nunca levei um tapa, mas as palavras me machucavam muito. Depois me relacionei com uma pessoa que me enganou por muito tempo, dizendo que iríamos nos casar, mas não passava de um explorador. Esse ocorrido me deixou tão triste ao ponto de entrar em uma depressão gravíssima que me fez tentar suicídio por duas vezes. Me recordo de minha infância que por quase dois anos vivi na rua, lutando pra sobreviver, não tive ninguém que pudesse me amparar. O que eu quero fazer hoje é com que essas mulheres tenham amparo, alguém que faça por elas o que não fizeram por mim. Não quero ver nenhuma mulher passar pelo que passei. A minha história é a minha motivação”,  reflete.

Nesse tempo de existência, a ONG trouxe impactos positivos na vida das mulheres atendidas. É o caso da dona de casa Viviane Ribeiro B. dos Santos, de Piúma:

“Quando conheci a ativista Alessandra e o projeto GAM foi muito importante pra mim. Estava passando por um processo de depressão com minha filha e estava também com a minha autoestima lá em baixo . Ela tem o dom de levantar as mulheres com esse projeto tão especial que é o GAM. Ela não abraça só a mulher, e sim o problema que temos também. Sou grata.”

No município de Anchieta os serviços prestados pela ONG têm sido frutíferos:

“Antes do projeto eu era uma pessoa que não tinha um caminho, não tinha uma saída. Assim que eu entrei no projeto fui amparada e tudo na minha vida entrou em ordem: a minha vida sentimental, a minha vida emocional, meu psicológico… Sou muito grata a Deus pelo projeto GAM e pela vida da ativista Alessandra, que tem cuidado de nós com todo carinho e amor. Quando o GAM foi apresentado pra mim, eu, minhas sobrinhas, minha irmã e minhas cunhadas estavam perdidas psicologicamente e emocionalmente. Mas, encontramos uma luz para nossas vidas aqui no projeto”, diz J. A. C.

Depois da conquista do registro oficial deste trabalho, a presidente Alessandra Belmond tem outros sonhos para o futuro da ONG:

“Um dia, Deus vai me ajudar a ter um espaço, que tenha tudo isso, para que elas possam chegar e já serem atendidas ali mesmo, sem precisar esperar.”

Alessandra Belmond, presidente do Grupo de Acompanhamento à Mulher, o Projeto GAM.

Essa reflexão mostra que o projeto ainda não tem uma sede própria. Os atendimentos são realizados numa sala anexa ao salão de beleza, que é da Alessandra, proprietária e ativista do Projeto. Os encaminhamentos aos especialistas se dão a partir deste local para profissionais da rede pública, ou para outros profissionais que são voluntários.

Para utilizar o serviço do Projeto GAM, se tornar voluntário ou apoiador, entre em contato pelo telefone: (28) 9 9949-9790 / (28) 9 8804-5523.

“Um dia, quero poder olhar nos olhos de cada mulher e dizer: posso não ter mudado o mundo, não ter mudado o meu país ou Estado, mas o importante é que eu consegui mudar e fazer a diferença na vida das mulheres que estão próximas e me procuraram”, pondera a ativista Alessandra Belmond, orgulhosa da trajetória da ONG e contemplando os planos vindouros.

por Renan Ferreira
fotos divulgação

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