Cantor e compositor capixaba Dan Abranches representa o Espírito Santo no filme Pajubá

today29 de setembro de 2023
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Documentário aborda vivências e desafios de pessoas trans das cinco regiões do país

O documentário Pajubá vai percorrer as cinco regiões do Brasil para registrar depoimentos de pessoas trans, dando visibilidade às suas vivências e desafios enfrentados em cada canto do país. As gravações do filme iniciaram este mês e tem a participação do cantor, compositor e produtor musical Dan Abranches representando o estado do Espírito Santo. O artista capixaba é uma das 28 pessoas entrevistadas na obra, tendo representantes das cinco regiões do país.

O roteiro do filme é  assinado por Hela Santana, escritora negra, trans e baiana, radicada em São Paulo.  A roteirista comenta a escolha do artista para integrar o elenco do filme: “Sou fã de Dan há anos e acredito que ele seja um dos melhores cantores que temos hoje em dia. Então, quando a ideia para o filme nasceu, o nome dele já estava ali. Em partes porque acredito que o mundo precisa conhecer esse cantor maravilhoso, em outra porque era a chance do meu lado fangirl conhecer seu ídolo.”

“Eu sempre quis ver isso: pessoas trans fazendo filmes sobre pessoas trans. Eu já tive até proposta de participar de filmes assim, mas não ia ter essa liberdade de passar nossa vivência e o olhar também era um pouco distorcido às vezes. E estou super feliz de participar de Pajubá e é mais legal ainda saber que  eu fui escolhido para representar o Espírito Santo nesse projeto que é nacional. Tenho certeza que todo mundo vai amar assistir”, comenta Dan Abranches após a gravação do seu depoimento para o filme.

Pajubá é dirigido por Gautier Lee, cineasta negra, angrense e não-binária, e que tem um desafio nas mãos, que é entrelaçar essas histórias e colocar na tela do cinema. “Pajubá representa a pluralidade do nosso país. O Brasil é um país praticamente continental, somos a maior parte da América do Sul e também uma grande parte da América Latina. E a gente está tentando traduzir isso dentro do nosso recorte de vivências, pessoas e cultura trans. Queremos realmente mostrar que existe cultura e existe história trans em todas as partes desse país. A gente quer acima de tudo celebrar isso, celebrar que existe! Celebrar que há adversidade dentro da adversidade, que temos pessoas negras, brancas, indígenas, que são políticos, que são chefes de cozinha, que são influencers, que são dançarinos, que são educadores, que são autores, que são tudo isso”, explica a cineasta.

Os desafios de Pajubá
Além da dificuldade financeira para seguir com o projeto, Hela Santana também encarou outros desafios durante a construção do roteiro. “Temos um documentário, mas também temos uma narrativa ficcional, com performance e música. A maior dificuldade, para além da óbvia financeira, provavelmente foi encontrar um elemento temático que unisse tudo isso, de uma forma mais prática e que ajudasse na construção de uma narrativa coesa. Ficamos quase três anos na construção desse roteiro e acho que conseguimos chegar em um lugar onde toda a equipe se encontra e se vê satisfeita com ele”, comenta.

Hela Santana é roteirista da antologia de Histórias (Im)possíveis e Encantados 2, além de ser consultora de diversidade da novela Elas por Elas, nova novela das 18h, da TV Globo. Já Gautier Lee está à frente dos roteiros das segundas temporadas das séries De Volta aos 15, da Netflix, e Auto Posto, do Comedy Central. Para o documentário Pajubá foi necessário fazer algumas adaptações na rotina criativa. Após uma temporada de sucesso em trabalhos com ficção e que tiveram grande repercussão nacional, tanto Hela, quanto Gautier estão focadas nas gravações de Pajubá, que devem levar um mês.

“Tem sido uma loucura muito divertida tudo isso. Agora me vejo prestes a realizar meu primeiro projeto autoral, com Pajubá, que vai para um lugar narrativo muito diferente do que estou acostumada a fazer nos últimos anos. Então, acho que há de certa forma a tranquilidade de também entender esse processo como parte do meu aprendizado e formação profissional. Tudo é muito novo, mas estou acompanhada de uma equipe tão apaixonada pelo filme quanto eu, e isso tem sido um conforto nas horas em que a ansiedade aperta”, conta Hela Santana.

Desenvolver um projeto documental tem sido também um desafio para Gautier Lee. “Tenho estudado bastante, tanto a linguagem documental, como as referências que eu estou pensando para esse projeto, também as referências que Hela trouxe desde o primeiro momento. Uma das questões mais difíceis que ao se fazer um filme pra mim, independente do gênero, o maior desafio, enquanto diretora, é fazer com que a equipe esteja fazendo o mesmo filme. Então, eu tenho estudado muito pra isso. É complexo, porque eu preciso entrar de cabeça na linguagem documental, enquanto ao mesmo tempo eu tô fazendo um projeto completamente diferente, que é ficção, que eu também estou dirigindo. Daí eu fico nesses pulos entre pensar documentário, pensar ficção e assim por diante.”

Buscando ter diversidade na obra, a equipe de Pajubá é composta majoritariamente por pessoas trans e negras. O documentário é dirigido por Gautier Lee, com roteiro de Hela Santana e produção-executiva de Rubian Melo e Aline Fontes. A obra está prevista para ser lançada em 2024.

A obra cinematográfica “Pajubá” foi contemplada no Edital de Concurso FAC Filma RS, e tem apoio financeiro do Fundo de Apoio à Cultura – Pró-cultura RS FAC, Lei nº 13.490/10 SEDAC nº 01/2022.

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