Covid-19 | Como evitar contágio em restaurantes, salões e academias

today9 de setembro de 2020
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Um desrespeito à saúde individual e coletiva. Talvez essa seja a definição mais adequada para traduzir as cenas que mostram estabelecimentos comerciais lotados, sendo frequentados por pessoas sem máscara e que ignoram a importância do distanciamento social durante o enfrentamento à pandemia do novo coronavírus.

Mesmo com a divulgação constante das informações que orientam as formas corretas de prevenção, ainda há aqueles que circulam por locais como bares, restaurantes e academia, e preferem não aderir aos protocolos de biossegurança definidos por especialistas em saúde.

Os médicos alertam: esses pontos apresentam alto risco de transmissão da doença, principalmente, porque atraem aglomerações em um momento em que a situação ainda não está superada. Ficar em pé em bares ou restaurantes, por exemplo, não é recomendável, porque as pessoas se mexem, se esquecem e acabam ficando mais próximas umas das outras, sem respeitar o distanciamento de 1,5 metro.

A médica infectologista Rúbia Miossi, afirma que a higienização de utensílios e ambientes de bares e restaurantes são essenciais. No entanto, levando em consideração que as pessoas não estão de máscara a todo momento, ela avalia que o maior risco para quem frequenta esses locais é o ato de conversar, quando são liberadas gotículas de saliva.

“Quando você senta para comer numa distância menor de um metro e meio para outra pessoa, você fica sem a máscara. Estar a essa distância de uma pessoa e conversar, por 15 minutos, sem usar a máscara, é o ponto de maior contágio do coronavírus. Uma pessoa sentada sozinha não sofre risco nenhum”, alertou.

Para reduzir os riscos, a infectologista orienta usar a proteção facial no maior intervalo de tempo possível, não sentar na frente de ninguém e tentar fazer a refeição de forma saudável, mas com menos tempo. Ela lembra que é importante higienizar as mãos antes e após manusear a máscara. O mesmo procedimento deve ser seguido antes e depois da refeição.

Ambientes ventilados
O uso constante da máscara também é uma orientação do infectologista Lauro Ferreira Pinto. Além disso, ele ainda sugere que os clientes prefiram estabelecimentos ventilados, com mesas e cadeiras ao ar livre e que respeitem o distanciamento entre os consumidores.

“É difícil combinar álcool com essas medidas de proteção. As pessoas começam a beber e relaxam. O que a gente fica preocupado é que as pessoas continuam se contaminando e morrendo. O jovem é difícil de adoecer na forma grave, mas ele pode ter pai, mãe, avós e tios idosos, e ter contato com gente com comorbidade. Se ele estiver infectado, acaba passando a doença para os outros”, declarou.

Nos salões de beleza, a orientação primordial é usar a máscara. Mesmo assim, um dos riscos pode estar escondido em um frasco de esmalte. Geralmente, o produto fica exposto e pode ser manuseado pelas clientes. Nesse contexto, é importante que o ambiente seja higienizado a cada atendimento, ou então que o esmalte seja apresentado somente pela manicure ou disponibilizado em uma vitrine que não permita o toque direto do público.

Treinos com restrições
As academias também são considerados espaços que devem ser frequentados com atenção. Para autorizar o funcionamento, o governo do Estado determinou que os estabelecimentos adotassem uma série de medidas de vigilância sanitária, como o fornecimento de álcool 70%, limpeza regular dos aparelhos, controle do fluxo de clientes ao mesmo tempo e a garantia do distanciamento entre os equipamentos.

Para a médica infectologista Tânia Vergara, neste momento, o ideal seria praticar exercícios em ambientes abertos. Segundo ela, a proximidade entre as pessoas aumenta o risco de contaminação pelo coronavírus. “Academias são lugares geralmente fechados. As pessoas devem tentar abrir alguma janela para terem alguma ventilação. A dica é manter o afastamento e higienizar todos os aparelhos entre uma pessoa e outra. Isso é recomendável porque você não tem certeza que a outra pessoa higienizou corretamente.

A administradora Tatiana Moyses Cabral, de 44 anos, pratica pilates duas vezes durante a semana. Ela contou que desde o início da pandemia, tem seguido as recomendações dos especialistas, usa a máscara e evita aglomerações. Com as medidas de segurança impostas às academias, sentiu-se mais segura em retornar às atividades. Ela estava sem praticar o exercício há cerca de cinco meses.

“Antes você podia escolher o horário, agora tem que ser fixo, agendado, com menos alunos dentro da sala. Não pode ligar o ar-condicionado. Os protocolos de segurança restringem um pouquinho, mas o exercício é o mesmo. Acho que já passou do tempo da gente se moldar de acordo com a nova vida que a gente vai levar, convivendo com a pandemia”, refletiu.

“NÃO É PROIBIDO SAIR, MAS MANTENHA DISTÂNCIA”
No Espírito Santo, os protocolos de biossegurança que devem ser seguidos para a retomada das atividades sociais e comerciais estão sendo definidos por uma equipe de especialistas sob a coordenação da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).O comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Cerqueira, é um dos coordenadores da equipe do Centro de Comando e Controle (CCC) Covid-19 no Espírito Santo. Ele explicou que as primeiras restrições foram adotadas em uma fase da doença quando o isolamento social era o principal objetivo.

“Agora adotamos estratégias voltadas a mitigar os efeitos da interação, que é a contaminação da doença. É importante que os estabelecimentos respeitem os protocolos estabelecidos e que a população procure frequentar ambientes que permitam utilizar essas estratégias combinadas como o fornecimento de álcool, ambientes ventilados, o respeito à capacidade do ambiente e o uso de máscara.

”De acordo com Cerqueira, o momento exige que a sociedade assuma o papel de protagonismo no enfrentamento à doença aliado às práticas já estabelecidas pelo poder público e órgãos de segurança nacionais e internacionais.

“Está proibido ir à praia? Não. Está proibido fazer aglomeração na praia. Então, se você vai com sua família, coloque sua sombrinha numa distância de 3 a 5 metros das outras pessoas. Se vai comprar algo no quiosque ou restaurante, procure aquele que não tem aglomeração”, orientou.

Desde o mês de abril, o governo estadual trabalha com uma matriz de risco para indicar medidas que evitem a disseminação do vírus. Até então eram considerados vetores como letalidade, porcentagem da população idosa, número de casos confirmados de pessoas contaminadas e taxa de ocupação de leitos de UTIs.

A partir do dia 31 de agosto, dois eixos são avaliados para apontar a classificação no grau de risco baixo, moderado, alto e extremo de cada município. Um deles é o eixo vulnerabilidade, que conta a taxa de ocupação de leitos estaduais destinados a pacientes com Covid-19. O outro, eixo ameaça, conta com dados municipais de três indicadores que são o número de casos ativos nos últimos 28 dias, testagem por mil habitantes e média móvel de mortos nos últimos 14 dias. Os eixos são avaliados semanalmente.

A matriz de risco prevê, por exemplo, que tipo de atividade é permitida a partir do grau de contágio de cada cidade.

Por Isaac Ribeiro

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