Mães que não medem esforços: o amor que enfrenta o câncer

today6 de maio de 2025
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Elas deixam trabalho, casa e família para acompanhar o tratamento dos filhos — e movem redes de apoio para salvar quem mais amam

O amor incondicional de uma mãe faz com que ela deixe tudo para trás para cuidar de um filho diagnosticado com uma doença como o câncer. Muitas abandonam o trabalho, a casa, os outros filhos e demais familiares para se dedicar integralmente ao tratamento da criança ou adolescente. Essa é a realidade de muitas mulheres acolhidas pela Acacci, a Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil.  

Quando percebeu que o filho Henzo, de 6 anos, não estava bem de saúde, antes mesmo do diagnóstico de leucemia, a dona de casa Uélica Paulino Fabres, de 36 anos, tomou a decisão de largar o trabalho. Eles são de Vargem Alta, no interior do Estado, e Uélica era concursada da prefeitura municipal, atuando como auxiliar administrativa em uma creche.

Ela conta que a criança está em tratamento há quatro meses e que o sintoma inicial foi dor na perna. “Ele reclamava de dor e fraqueza nas pernas. Mas fazíamos raio-x e não aparecia nada. Depois, os sintomas foram piorando, e ele começou a apresentar também febre e vômito”, relata.

A descoberta da doença foi bastante assustadora. “Estávamos no Hospital Infantil de Cachoeiro, que é o mais próximo de nós, e o médico disse que iria mandar os exames para serem avaliados em Vitória, porque havia a suspeita de leucemia. Tivemos que sair de casa e ficar aqui. Como mãe, só tenho a agradecer à Acacci por todo o suporte. Toda a equipe de profissionais é maravilhosa.”

O maior desafio, segundo Uélica, é estar longe de casa. “Estamos aqui em Vitória desde o final de dezembro. Fiquei mais de três meses fora da minha casa, longe dos familiares, do meu marido e da minha outra filha, de 9 anos. Meu marido me apoia da maneira que pode, mas ele precisa trabalhar para garantir o nosso sustento. Já minha filha tem ficado sob os cuidados dos meus pais”, conta.

Já a mudança de vida de Cristiani Miossi, de 40 anos, já dura cinco anos, o tempo de tratamento da filha Ana Luiza, de 17 anos. Com queixas iniciais de dores nas pernas e na barriga, o diagnóstico de câncer veio após um ultrassom. “O exame mostrou uma massa de 22 centímetros na região pélvica. Ela foi internada no Hospital Infantil em plena pandemia da Covid-19, e lá foi constatado o neuroblastoma.”

Desde então, foram três anos de quimioterapia, sessões de radioterapia, quatro cirurgias de barriga aberta e um transplante de medula óssea em São Paulo. “Ir para outro estado foi desafiador. Pedi ajuda ao Governo para comprar as passagens e fiz até vaquinha virtual. Conseguimos, e ficamos em São Paulo por um tempo. A Ana foi submetida a quimioterapias bem fortes. A imunidade dela caiu bastante, e quase perdi a minha filha. O transplante foi há dois anos, e hoje ela está em remissão. Deus salvou a vida da minha filha”, comemora Cristiani.

Como mãe solteira, ela conta que teve apoio de alguns familiares, como o irmão, a sua madrinha, a madrinha da filha e amigos. “Além disso, tivemos a Acacci, que nunca nos abandonou. Hoje, a Ana cursa o terceiro ano do ensino médio e está se preparando para o Enem. Ela tem o sonho de ser policial rodoviária federal”, afirma a mãe.

O diretor-presidente da Acacci, Francisco Carlos Gava, afirma que a entidade atua para oferecer assistência integral e dar um pouco de tranquilidade às famílias na fase de tratamento. “O nosso papel é fazer com que as crianças e seus pais se sintam acolhidos durante o processo, que tende a ser tão doloroso e difícil”, ressalta.

Sobre a Acacci
A Associação Capixaba Contra o Câncer Infantil (Acacci) é uma organização sem fins econômicos, fundada há 37 anos, com o objetivo de oferecer suporte integral a crianças e adolescentes em tratamento oncológico e às suas famílias. A entidade oferece hospedagem, alimentação, transporte para o centro de tratamento e/ou consultas clínicas, atendimentos de fisioterapia, nutrição, atividades arteterapêuticas e suporte pedagógico por meio de intervenções lúdicas.

As iniciativas visam garantir a continuidade do tratamento, promover a humanização no atendimento e minimizar os impactos biopsicossociais enfrentados por pacientes e familiares. Ao longo de 2024, a Acacci realizou 1.190 hospedagens, 705 atendimentos nutricionais, 736 atendimentos de serviço social, 1.174 intervenções socioeducativas e 427 sessões de fisioterapia. Além disso, distribuiu 237 cestas básicas, 3.764 fraldas descartáveis e serviu 22.080 refeições.

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