Raiar da Liberdade é declarada Patrimônio Cultural Imaterial Capixaba
Na manhã de domingo (3) foi realizada uma solenidade em Nova Almeida, no município de Serra, para marcar oficialmente o registro da festa Raiar da Liberdade como Patrimônio Cultural Imaterial do Espírito Santo. Trata-se de uma tradicional festividade, realizada há 136 anos, no quilombo Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim.
O Raiar é comandado pelo Caxambu Santa Cruz, que esteve presente no ato solene e recebeu o título diretamente do Governador Renato Casagrande. O grupo também se apresentou no local e demonstrou ao público presente um pouco do que acontece na festa, realizada sempre na data de 13 de maio, no próprio quilombo ao qual pertence, e que reúne diversos grupos de patrimônio imaterial de todo o estado.
O registro do Raiar ocorreu após um intenso levantamento de informações – documentos, reportagens, registros em vídeos e fotos, além de entrevistas com pessoas da comunidade de Monte Alegre – e a construção de um Inventário Nacional de Referências Culturais sobre a festividade, trabalho que se iniciou em 2022, culminando com o seu reconhecimento, em agosto deste ano, pelo Conselho Estadual de Cultura, da Secretaria de Estado da Cultura – Secult.
“Ao reconhecer a festa como importante referência cultural para o Espírito Santo, o Conselho Estadual de Cultura contribui para sua manutenção e também amplia seu alcance enquanto elemento identitário do povo negro capixaba”, afirmou o secretário de Estado da Cultura, Fabrício Noronha.
Maria Laurinda Adão, mestra do Santa Cruz e principal organizadora do Raiar da Liberdade há mais de 60 anos, comenta que “o que a gente faz de bom sempre gera bons frutos. Hoje nós estamos recebendo do governo um reconhecimento que o público capixaba sempre nos dá, a cada ano, quando realizamos a nossa festa”.
Diversos materiais a respeito do Raiar da Liberdade podem ser conferidos no site da Associação de Salvaguarda do Patrimônio Imaterial Cachoeirense, pelo endereço www.afci.site. Também no canal da entidade no YouTube estão documentários sobre a festa: www.youtube.com/@patrimonioimaterialci.
Celebração
O Governo do Estado, por meio da Secretaria da Cultura (Secult), aproveitou para celebrar o Dia Nacional da Cultura, comemorado originalmente no dia 5 de novembro. Foram lançados o Projeto Patrimônio Vivo Capixaba e a publicação do Dossiê do Congo. Também foi assinado o projeto de Lei que institui o “Programa Estadual de Identificação e Referencialmente de Bens Culturais de Natureza Imaterial”.
A solenidade foi realizada na Igreja dos Reis Magos, em Nova Almeida, no município de Serra, com a presença do governador Renato Casagrande; da primeira-dama Maria Virginia Casagrande; de secretários de Estado; e do prefeito eleito da Serra, Weverson Meireles.
“Estamos comemorando o Dia Nacional da Cultura aqui na Igreja dos Reis Magos, que ficou muito linda. Quem ainda não veio, venha visitar este belo monumento histórico e religioso do município da Serra e do Espírito Santo. Estamos lançando um livro sobre o Congo, uma manifestação cultural importante, além de registrar a Festa Raiar da Liberdade como Patrimônio Imaterial Capixaba. São muitas ações para que a gente possa deixar viva a nossa cultura. E como sempre digo, a cultura é a identidade do seu povo”, disse Casagrande.
Na oportunidade, o governador Renato Casagrande, também lançou o Projeto Patrimônio Vivo Capixaba, programa realizado pela Secult em parceria com o Instituto Raízes, por meio de edital de chamamento para Organização da Sociedade Civil (OSC). A ação vai inventariar e documentar 20 festividades da cultura popular tradicional, visando à promoção, registro e intercâmbio das manifestações culturais capixabas.
Durante o evento, o governador assinou o projeto que altera a Lei nº 6.237, que cria o Registro de Bens Culturais de Natureza Imaterial e institui o “Programa Estadual de Identificação e Referencialmente de Bens Culturais de Natureza Imaterial”. A matéria propõe ajustes no texto da lei em vigor, como a inclusão do reconhecimento de “lugares” como bens passíveis de serem registrados como patrimônio imaterial, além da instituição do Programa Estadual do Patrimônio Vivo, o reconhecimento de manifestações da cultura capixaba, entre outras atualizações importantes para as políticas de patrimônio.
O projeto será encaminhado à Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) para apreciação dos deputados.
fotos Luan Volpato e Mateus Fonseca/Governo-ES