Deputado Bruno Lamas cobra explicações sobre a qualidade da água e o esgoto lançado em 4 municípios
Presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental, Eraylton Moreschi Júnior apontou a presença de substâncias cancerígenas na água que é distribuída em Vitória, Serra, Cariacica e Fundão. Por sua vez, Cesan apresentou defesa técnica e negou as irregularidades. O assunto vai ser analisado pelo Ministério Público
O deputado estadual Bruno Lamas (PSB) participou hoje (6) da reunião da Comissão de Saúde e Saneamento da Assembleia Legislativa, que durante duas horas avaliou a denúncia do presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental, Eraylton Moreschi Júnior, de que um milhão de consumidores dos municípios da Serra, Vitória, Cariacica e Fundão recebem água imprópria para consumo, há quatro anos, por conter trihalometanos e ácidos haloacéticos, substâncias cancerígenas.
Moreschi também questiona a gestão do esgoto e poluição dos espelhos d’ água na Serra.
Ao tomar conhecimento das informações, Bruno – que é vice-presidente da Comissão de Meio Ambiente –, e Hércules Silveira (MDB), que preside a de Saúde, cobraram explicações da Companhia Espírito Santense de Saneamento (Cesan), responsável pelo atendimento aos municípios. Membros da empresa participaram da audiência pública, que foi virtual, e negaram as possíveis irregularidades.
Os deputados também questionaram como é feita a fiscalização por parte da Agência de Regulação de Serviços Públicos do Espírito Santo (Arsp), uma vez que Moreschi acusa as entidades governamentais ligadas ao meio ambiente de negligência.
O representante da ONG listou uma série de matérias jornalísticas e documentos oficiais sobre a baixa qualidade da água fornecida, sobretudo na Serra.
Segundo ele, a presença de trihalometanos e ácidos haloacéticos (subprodutos da cloração) foi constatada e resultou em multa de R$ 44,9 mil aplicada pela Arsp à Cesan.
“Os trihalometanos são considerados compostos cancerígenos e os haloacéticos da mesma forma. Inclusive, os haloacéticos, além de serem cancerígenos, podem causar problemas reprodutivos nas pessoas que fizerem o uso continuado desses produtos”, afirmou Moreschi.
Uma pesquisa sobre a qualidade da água na Serra partiu de demanda apresentada pela Secretaria Municipal de Saúde e envolveu dados coletados pela Cesan entre novembro de 2016 e novembro de 2020.
Coube a representantes da companhia apresentar dados para comprovar a segurança da água captada e distribuída aos cidadãos.
A gerente de Qualidade da Água da Cesan, Juciane da Silva Motta, destacou a atenção da autarquia com o monitoramento da água, desde a captação no manancial, passando pela fase de tratamento até a distribuição.
Segundo ela, o processo é balizado por legislações específicas e envolve laboratórios certificados internacionalmente.
“Toda água produzida pela Cesan é analisada antes de ser distribuída para garantir que esteja potável e própria para o consumo humano. A prevenção e a solução de anomalias são acompanhadas diariamente por profissionais especializados, também utilizando equipamentos de alta tecnologia em cumprimento à legislação sanitária vigente”, declarou.
O chefe da Gerência Metropolitana Norte da Cesan, André Lima, disse que “anomalias ocasionais e pontuais podem ocorrer”, mas são resolvidas “o mais rápido possível”.
Ele contou que, após a crise hídrica entre 2014 e 2016 observaram-se alterações das características das águas dos mananciais.
De acordo com ele, após diversos testes, a companhia passou a optar, desde 2019, pela utilização do peróxido de hidrogênio, substituindo o cloro na pré-oxidação da água.
“Temos obtido nesse período excelentes resultados, minimizando a formação do THM, os trihalometanos, e dos ácidos halocéticos”, pontuou André Lima.
Medidas
Como medidas efetivas, Bruno pediu, por escrito, que a Parceria Público Privada (PPP) do Saneamento Básico na Serra possa ser discutida na Comissão de Meio Ambiente.
Também requereu que a Arsp, a Cesan e os demais envolvidos possam participar de um debate construtivo sobre o tema na Frente Parlamentar da PPP, da qual ele é o presidente.
Todas as informações colhidas na audiência virtual serão encaminhadas ao Ministério Público para análise.



