MRV culpa empresa contratada por condomínio pelo problema em caixa d’água de residencial na Serra
“Uma manutenção equivocada realizada por um empresa contratada pelo próprio condomínio, sem qualquer certificação técnica, levou à diminuição da espessura do castelo d’ água”. A afirmação é do advogado José Carlos Rizk Filho, que defende a MRV Engenharia, construtora responsável pelo Condomínio Residencial Top Life, de São Diogo, na Serra.
O advogado isentou a empresa para qual trabalha de qualquer responsabilidade pelo “pequeno incidente”, que levou à substituição da caixa d’ água do residencial, já que havia risco de desabamento, segundo apontou o Conselho de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES). No condomínio, há 540 unidades habitacionais e seis famílias chegaram a deixar seus imóveis para ficar num hotel por conta do risco.
“Vamos separar o joio do trigo. Nossa situação é diferente de outros condomínios onde ocorreram problemas. Não houve derramamento de água e nenhum acidente. Ninguém se machucou e nem morreu. Houve uma alteração na estrutura do castelo d’água em razão da manutenção equivocada realizada pelo próprio condomínio. A manutenção não foi feita pela MRV. Ela foi demandada pelo condomínio, sem indicação, sem a qualificação técnica dessa empresa”, destacou Rizk.
Ele, que também é o presidente da seccional capixaba da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), participou ontem (11) da reunião ordinária virtual da Comissão de Defesa da Cidadania e dos Direitos Humanos, da Assembleia Legislativa, presidida interinamente pelo deputado estadual Bruno Lamas (PSB).
O advogado frisou que a empresa contratada pelo condomínio estava descredenciada e que o serviço foi feito, inclusive, sem o conhecimento da construtora. Rizk garantiu que a MRV tem atendido as demandas dos condomínios em todo o estado.
Ele informou ainda que a construtora, voluntariamente e sem custo para os moradores e qualquer imposição da lei, substituiu a estrutura do castelo d’ água do Top Life, que saiu por cerca de R$ 500 mil para a empresa.
Garantia vencida
Um outro representante da MRV Engenharia, Celso Freitas Ferreira, reiterou as palavras do advogado e afirmou que, ao ser solicitado atendimento técnico, a garantia da obra já estava vencida, o que levou a construtora a negar o pedido. Ele fez uma apresentação técnica com ilustração do condomínio e relatou os acontecimentos, com datas e a ação da empresa para atender o conjunto residencial.
Segundo Celso Freitas, a intervenção feita foi de forma inapropriada e o castelo d’água perdeu sua capacidade de captação.
“O castelo d’ água apresentou pontos de oxidação. Houve lixamento interno demasiado e flambagem (espécie de encurvadura, quando submetida a um esforço). Lixaram demais. Tiveram de soldar chapas internas porque lixaram muito”, declarou.
O síndico e morador do Condomínio Residencial Top Life Cancun, Luiz Cláudio Almeida Silva, disse que “depois da primeira reunião realizada na comissão, houve progresso e a construtora propôs um acordo em relação ao processo aberto. Por enquanto, está dando certo”, avaliou. Ele não comentou as críticas da MRV porque chegou atrasado à reunião.
Posteriormente, porém, disse ao servidor da comissão que a empresa mentiu porque foi avisada no dia 27 de janeiro de 2020 sobre a necessidade de manutenção. “Eles tinham tanta ciência que se negaram a fazer”, afirmou.
O presidente do colegiado, deputado Luciano Machado (PV), ressaltou a transparência das intervenções dos representantes da MRV ao esclarecerem que a obra foi feita nos parâmetros e conforme regras da engenharia.
Bruno, por sua vez, afirmou que as construtoras têm dado respostas satisfatórias, corrigindo os problemas que ocorreram nos empreendimentos habitacionais, como foi o caso em Cariacica, no Condomínio São Roque, que teve a torre de água rompida e atingiu parte de um bloco residencial. Para ele, “o cronograma de providências que as empresas tomaram é convincente, concreto. Hoje, aqui, não foi diferente”, ponderou.
Já a deputada Iriny Lopes (PT) destacou os avanços na discussão sobre os problemas que afligem os moradores dos conjuntos habitacionais e propôs que a comissão tenha um participante permanente do Crea-ES para dar seu parecer, orientação e acompanhamento técnico sobre a situação da construção das caixas d’água dos condomínios fiscalizados. O pedido foi aprovado por unanimidade.



