Atriz conta que foi estuprada por diretor: ‘Me enganou, me drogou e me estuprou’

today14 de julho de 2020
remove_red_eye1193

A atriz Juliana Lohmann, com passagens por “Malhação”, da Globo, e pela TV Record, carregou um trauma por 12 anos, quando tinha apenas 18: ela foi estuprada por um diretor famoso em São Paulo. Sua primeira aparição na TV foi aos 11 anos e hoje, aos 30, entende que não foi culpada pelo crime.

“Fui convidada para fazer um teste por um famoso que dirigia seu primeiro longa. Ele me ligou e me chamou diretamente. Era em São Paulo, e eu sou do Rio de Janeiro. Perguntei se podia levar minha mãe. Não, ele não poderia pagar mais uma passagem. Pediu desculpas. Fui mesmo assim. Era a primeira vez que viajava sozinha, me senti uma desbravadora de novos horizontes pronta para fazer cinema. Passei a madrugada estudando a personagem, cheguei com a cabeça cheia de ideias e perguntas”, começa a contar em entrevista à Revista Cláudia.

Juliana lembra que se instalou no mesmo hotel, onde o tal diretor, que ela não revela o nome, tinha um apart e os dois passaram textos juntos até que ele sugeriu o uso da maconha para que a cena fosse relida com mais ‘loucura’ e ‘novas nuances’.

“Fiquei reticente, mas acabei aceitando. Dizer não para um diretor é algo que uma atriz de 18 anos sabe exatamente fazer. Um trago foi o suficiente pra que eu ficasse completamente chapada. Em determinado momento, percebi que o contato que ele fazia comigo excedia o profissional. Minha inexperiência com a erva não me deixou em condições de avaliar com mais clareza o que de fato tava acontecendo. Ele veio me beijar. Eu me assustei, disse que não queria. Foi uma completa surpresa acreditar que aquele homem, com sua boa imagem midiática de família de margarina, se aventurar com outras mulheres. E ainda mais comigo”, relembra.

“Ele tirou o roteiro da minhão mão e me apertou com força contra o corpo dele. Eu pedi pra parar, mas ele me apertou ainda mais forte. Fiz força para sair e não consegui. Imobilizada, eu disse que ia gritar. Ele respondeu em um tom doce que, se eu gritasse, ninguém iria ouvir. Eu fui tentando respirar e acalmar o pânico do pensamento de que eu estava a centenas de quilômetros de casa. Entendi que não tinha saída. Fiquei quieta. Fiz o que ele queria”, completa.

“Este diretor usou de sua posição de poder, não só por ser um homem branco muito mais velho, mas principalmente por ser o diretor do filme, responsável por decidir se eu trabalharia ali ou não. Eu, uma atriz de 18 anos recém-feitos e que ainda começava a entender como me posicionar profissionalmente sem minha mãe por perto. Ele me enganou, me drogou e me estuprou, violando sexual e deixando marcas que carregarei pro resto da vida”, afirmou.

Juliana afirma, ainda, que precisou “insistir” para que o homem ao menos usasse camisinha. “De trás do quadro ele retirou um saco plástico com alguns preservativos. Aquilo me deu a sensação de que eu não era a única pela qual ele ‘tinha se encantado’. Colocou a proteção, mas retirou logo em seguida, ejaculando dentro de mim”, lembra. Em seguida, o diretor pediu que ela dormisse com ele.

Na manhã seguinte, a atriz foi estuprada mais uma vez e ouviu, do agressor, que ela o havia lançado um “olhar de desejo”, que ela era “uma delícia” e que ele iria “querer mais”. “No dia seguinte, de manhã, fui acordada por seu membro invadindo minha vagina. Lembro de ficar na mesma posição, deitada de lado, e apenas enfiar meu rosto no travesseiro pra que ele não percebesse as lágrimas que caíam sem controle. Ele ejaculou dentro, de novo”, relatou.

O diretor ressarciu Juliana do valor da passagem e disse que o teste não aconteceria mais por falta de disponibilidade dos produtores.

“Faz muito pouco tempo que tive a certeza de que de fato nunca houve teste nenhum a ser feito em São Paulo. Eu passei doze anos, quase metade da minha vida até aqui, na dúvida. Eu me questionei se realmente eu não quis, me questionei se de fato não foi premeditado o interesse dele por mim, se realmente não havia o teste que, por um ‘infortúnio’, foi cancelado”, conta.

Ela continua: “Eu não consegui prestar queixa na época. Quando finalmente elaborei os acontecimentos vividos, soube que os crimes, para a justiça, já haviam prescrito. Perdi meu direito de ter direitos sobre minhas dores. Talvez, se eu tivesse lido um relato como esse, pudesse ter compreendido melhor a situação e eles não estariam impunes”.

Fonte Revista Cláudia e Uol

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.

*