Iema vai mudar zoneamento de Village do Sol, em Guarapari
Medida atende demanda de décadas e permite início da regularização dos serviços essenciais, abrindo caminho para EDP, Cesan e governo do Estado atuarem no bairro
O deputado estadual Fabrício Gandini (PSD) garantiu uma conquista histórica para os moradores do Village do Sol, em Guarapari. Após décadas de impasse ambiental, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) aprovou a revisão do zoneamento da Área de Proteção Ambiental (APA) de Setiba, permitindo que a comunidade finalmente possa regularizar energia elétrica, água tratada e esgoto — serviços básicos que sempre esbarraram em restrições ambientais.
A decisão foi divulgada pelo diretor-presidente do Iema, Mário Louzada, a Gandini e lideranças comunitárias da região. Ela foi confirmada após apresentação e aprovação no Conselho do Parque Paulo César Vinha e será oficializada por meio de portaria conjunta do Iema, passo que torna o novo zoneamento válido e abre caminho para as próximas etapas.
Gandini, que é presidente da Comissão de Proteção ao Meio Ambiente da Assembleia Legislativa, lembra que o conflito teve origem na década de 1970, quando os lotes foram vendidos antes da existência das normas ambientais atuais.
Resultado: milhares de famílias, mesmo com terrenos legalmente adquiridos, passaram a viver em uma área onde obras públicas de infraestrutura se tornaram proibidas.
“Esse zoneamento é o primeiro passo para regularizar energia, água e esgoto. Ele vai permitir que as pessoas façam a ligação regular da sua energia, e que o Estado possa implantar rede de água e esgoto. O mais difícil foi construir as soluções e definir as regras técnicas”, afirmou o deputado.
A ausência de infraestrutura deixou o bairro em situação crítica. Hoje, o Village do Sol convive com mais de 8 mil fossas ativas, aumentando o risco de contaminação do solo e dos poços; água de cor e odor duvidosos, fornecida por uma empresa privada que não é concessionária pública; risco à saúde pública, já que muitos moradores dependem de poços próximos às fossas; impossibilidade de receber energia regular, porque o zoneamento impedia a EDP de ampliar a rede elétrica; cerca de 60 ruas de terra, dificultando a circulação de ônibus e o atendimento de ambulâncias e viaturas; além da ausência de esgoto, saneamento básico e iluminação adequada.

Essas condições foram relatadas diretamente à Comissão de Meio Ambiente durante a audiência pública realizada por Gandini em novembro, no próprio bairro, quando moradores denunciaram água com “cor de ferrugem”, cheiro forte, fossas transbordando e insegurança pela falta de iluminação.
Na audiência, moradores como o pedreiro Otoniel Firmino fizeram apelos emocionados: “O governo tem que chegar. Não podemos ficar à mercê, pisando no esgoto, numa cidade que se chama Cidade Saúde.”
Com o novo zoneamento, a concessionária EDP poderá — pela primeira vez — protocolar o plano de expansão de energia, com posteamento e os investimentos necessários. A Cesan, que nunca assumiu a área porque o bairro não estava incluído no contrato de saneamento, passa agora a ter base legal para apresentar o plano de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Gandini já articula para que o governo do Estado e a Prefeitura de Guarapari participem dos investimentos, garantindo que a região seja incorporada à rede pública sem atrasos.
Para o deputado, a decisão sela um avanço fundamental: “Depois de décadas de impasse estamos virando a página”, comemorou.
créditos Wilbert Suave



