Projeto Ruas ouve, acolhe e acompanha pessoas em situação de rua na capital
Não adianta falar deles, porém não escutá-los! Sob essa ótica, a Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas), por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas), realizou, na noite desta última quinta-feira (29), mais uma edição do projeto “Ruas”, destinado a ouvir e acolher pessoas em situação de rua.
O encontro, que teve como tema “Arraiá do empoderamento”, foi carregado de afeto e atenção, no Centro de Referência Especializado em Assistência Social (Creas) Bento Ferreira. Por meio da escuta ativa, os técnicos conhecem os relatos desses indivíduos, o que permite entender o histórico social de cada um e o que os levou às ruas.
Luiz Roberto Salarini Wigand, psicólogo do Seas, explica que o projeto surgiu a partir da identificação da necessidade de ouvir as pessoas em situação de rua. “Essa metodologia é fruto dos anos de experiência, não só minha, mas de outros colegas que atuam na equipe de abordagem. Ao longo do tempo, temos verificado a dificuldade dessa população de lidar com os sentimentos”, conta ele.
“O projeto ‘Ruas’ é um importante momento de escuta e aproximação e cria vínculos entre as equipes da Semas e a população em situação de rua. Quanto mais próximos estivermos da realidade das pessoas, mais efetivos são os encaminhamentos e o plano individual de atendimento”, explica a secretária de Assistência Social de Vitória, Cintia Schulz.
Acolhimento e diálogo
O objetivo é oferecer acolhimento, estimulando o diálogo, de forma reflexiva, sobre o cotidiano de vida dessas pessoas, e a partir daí iniciar um acompanhamento.
Como ele é realizado durante a noite, ao serem abordadas, por vezes, estão dormindo, sozinhas ou sob o efeito de substâncias psicoativas, o que as deixam fragilizadas e em busca de desabafar sobre seus conflitos, angústias e anseios.
Para a realização dos encontros, que se dão como rodas de conversa, são utilizadas ferramentas culturais, educativas e esportivas, abordando a questão do autocuidado, iniciando uma tentativa de resgate dos vínculos familiares.
“Queremos trabalhar a questão do olhar do outro sobre eles e a forma como eles se veem. Eles se sentem motivados sendo ouvidos, e podemos trabalhar os sentimentos que trazem dando significado e, assim, construir resiliência junto deles, para superação do problema que os levou à situação de rua”, afirma Luiz Roberto.
Rede
Para as pessoas que aceitam acompanhamento, são feitos encaminhamentos às redes socioassistencial e de atenção psicossocial do município. A Semas dispõe de vários equipamentos para atendê-las, como Abrigo, Hospedagem noturna, Casa Lar para pessoas com transtorno mental, Albergue para migrantes e Serviço de Acolhimento Emergencial Transitório.
Eles recebem, também, atendimentos relacionados a questões assistenciais, como documentação, cidadania, alimentação, higienização, acolhimento e saúde.
Havendo necessidade, os encaminhamentos, também, são feitos para o Consultório na Rua, da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), que realiza atendimentos e cuidados básicos de saúde, específicos para pessoas em situação de rua. Eles são feitos em seus locais de permanência pelas equipes itinerantes da Semus.
por Andreza Lopes/PMV