Após restauro e readequação, Santuário Nacional de São José de Anchieta é entregue

today18 de novembro de 2021
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Foi na presença do governador do Estado, Renato Casagrande, o prefeito de Anchieta, Fabrício Petri, autoridades políticas, representantes dos jesuítas, imprensa, moradores do município e região, que o Santuário Nacional de São José de Anchieta, um dos mais importantes símbolos da presença dos jesuítas no Brasil, foi entregue nesta quinta-feira, 18, após passar por grandiosa obra de restauro e readequação.

Localizado na cidade de Anchieta, no Estado do Espírito Santo, o monumento religioso, um dos mais importantes do país, ficou em obra por cerca de três anos. O projeto envolveu serviços de conservação e restauração, além da criação de novos espaços para recepção e visitação do público.

Tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1943, o monumento, formado pela Igreja Nossa Senhora da Assunção e pela antiga residência jesuíta, recebeu obras civis de conservação, climatização, sonorização, restauro do patrimônio arquitetônico, iluminação monumental, sistema de proteção de descarga atmosférica (SPDA), segurança e projeto de combate a incêndio. Também foram realizados levantamentos históricos, pesquisa arqueológica, restauro da imaginária e dos objetos litúrgicos, digitalização do acervo e projeto de readequação litúrgica. Tudo para compor os antigos e os novos espaços de uso do Santuário que agora compreendem a Igreja, o Centro de Interpretação, o Centro de Documentação, o Café, a Loja e o Paisagismo Cultural.

Destaque especial para a acessibilidade com banheiros adaptados conforme normas técnicas, sinalização em braile, intérprete em libras nos vídeos, passarelas acessíveis no paisagismo e plataformas elevatórias para que todos os visitantes tenham acesso à Cela de São José de Anchieta e ao Centro de Documentação. E, importante, todo o roteiro textual do Centro de Interpretação terá traduções para o inglês e o espanhol.

Após o restauro, o Instituto Modus Vivendi, por meio da administração do Santuário, promoverá ações educativas financiadas pelo projeto em Anchieta, no período de um ano.

O restauro do Santuário de São José de Anchieta foi integralmente aprovado pelo Iphan e efetivado pela Lei de Incentivo à Cultura Federal, com patrocínios do Instituto Cultural Vale e do BNDES. O valor total do projeto foi de R$ 10,5 milhões.

Segundo o reitor do Santuário Nacional de São José de Anchieta, Padre Nilson Maróstica, o Santuário, então revitalizado, revigora a fé do povo no santo, aumenta a devoção. “Também desperta o interesse turístico, artístico, cultural. Revitalizar o Santuário é restaurar para preservar e divulgar”, afirmou.

HORÁRIOS DE FUNCIONAMENTO
Igreja Nossa Senhora da Assunção, museu e lojinha: de 09 às 17 horas.
O horário de funcionamento do Café está em definição.

INFORMAÇÕES HISTÓRICAS 
O conjunto Anchietano

O atual monumento nacional que abriga o também nacional Santuário de São José de Anchieta é parte dos espaços físicos do conjunto arquitetônico jesuítico de Anchieta. Eles se destacam pela importância que tiveram no processo religioso e cultural de numerosos grupos indígenas de distintas etnias e proveniências, conduzido pela Companhia de Jesus entre os séculos XVI e XVIII, segundo modelo considerado pioneiro. 

Outra relevância se refere ao fato de ter sido o lugar escolhido pelo sacerdote José de Anchieta para viver os últimos anos de sua vida, onde faleceu no dia 9 de junho de 1597. O Padre José de Anchieta, beatificado pelo Papa João Paulo II em 1980 e canonizado em 2014 pelo Papa Francisco, se tornando o terceiro santo brasileiro, foi enterrado junto ao altar-mor da então Igreja de São Tiago, hoje Palácio Anchieta.

Igreja Nossa Senhora da Assunção
O aldeamento de Rerigtyba foi fundado em 1579 pelo Padre José de Anchieta. No local de índios tupiniquins estabeleceram-se os missionários jesuítas em 1579 por decisão do padre José de Anchieta, à época o responsável máximo pela Companhia de Jesus no Brasil. 

A aldeia acabou por se transformar num dos polos de evangelização e desenvolvimento do Espírito Santo, tendo igualmente servido como laboratório pelo qual passavam obrigatoriamente os jesuítas em formação para aprendizado da língua geral. 

Por determinação de D. José I, Rei de Portugal, pouco antes da saída dos jesuítas, em janeiro de 1760, devido ao expressivo número de habitantes cristianizados, Rerigtyba foi elevada à categoria de vila com o nome de Benevente, tendo a cidade sido criada com a designação de Anchieta, o mais ilustre dos seus moradores, em 12 de agosto de 1887, e ratificada por nova lei do Estado em 1921.

Os Jesuítas no Espírito Santo
Os Jesuítas deixaram marcas por onde passaram. No Espírito Santo, além do aspecto religioso, tiveram um papel significativo na educação e no empreendedorismo.  

Fundaram o Colégio de São Tiago (atual Palácio Anchieta), em Vitória, e as aldeias de Reis Magos, em Nova Almeida, e de Reritiba, em Anchieta, além das fazendas de Muribeca, em Presidente Kennedy, Itapoca, em Serra, e Araçatiba, em Viana. As fazendas garantiam a subsistência do Colégio e a continuidade de seus trabalhos, assegurando-lhe independência autárquica, além da função específica de ensino. Elas tiveram significativa influência na vida econômica da capitania ao se tornarem os mais importantes centros de produção da época.

A herança dos Jesuítas também é relevante no conjunto arquitetônico do Patrimônio Histórico no Estado. A relação de prédios inclui o Palácio Anchieta, em Vitória; a Igreja de Nossa Senhora da Assunção, em Anchieta; a Igreja de Reis Magos, em Nova Almeida; a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Guarapari; a Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, em Viana; a Igreja de São João de Carapina, em Serra; a Igreja de Nossa Senhora das Neves, em Presidente Kennedy e a Igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Guarapari.

Dos principais aldeamentos construídos pelos jesuítas no Brasil, alguns estão nas terras capixabas. 

Reritiba, atual Anchieta, fundada por Anchieta, foi o local escolhido pelo jesuíta para passar os últimos anos da vida. Lá se destaca a Igreja Nossa Senhora da Assunção e Convento, uma das obras do padre, datada de 1579.

Não muito distante de Anchieta, no balneário de Nova Almeida, se destaca a Igreja dos Reis Magos, construída entre 1580 e 1615, com a ajuda dos índios de tribo Tupiniquim. O local recebeu os primeiros habitantes da região, os índios Goytacazes e Tupiniquim, em uma das quatro reduções que os jesuítas fundaram na Capitania do Espírito Santo.

Na fazenda de Araçatiba, no município de Viana, os jesuítas construíram residência, engenhos, senzalas, oficinas e a igreja dedicada à Nossa Senhora da Ajuda, construída no século XVIII, com grande reforma em 1849.

fonte Ilda Castro
fotos Gabriel Lordelo e Hélio Filho (governo do ES)

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