CPI mostra imagens inéditas do caso de cachorro morto a tiros em Guarapari

today14 de setembro de 2023
remove_red_eye633

Nesta quarta-feira, 13, durante a oitiva da CPI dos Maus-Tratos contra os Animais, presidida pela deputada estadual Janete de Sá, foram exibidas imagens inéditas do caso do cachorro da raça Golden Retriever, morto a tiros por um policial, na Praia do Morro, em Guarapari, no último dia 9 de setembro.

Pelas imagens captadas, a rua aparece deserta. O homem que surge de camisa amarela e bermuda vermelha, andando na calçada é o policial. Quando ele termina de atravessar a rua, dá de cara com o Golden. O cachorro pula no policial, os dois se afastam, o Golden pula novamente. Depois eles somem da imagem.

Imagens captadas do momento em que o policial atira no Churros.

Em seguida o cachorro volta correndo, já aparece desnorteado e cambaleando. Ele já tinha sido atingido pelo tiro. Logo a tutora aparece empurrando o carrinho com a filha de 1 ano. O marido dela também chega. Os dois seguem pela rua, assustados com o que aconteceu. A criança de 12 anos que viu tudo vem andando chorando pela calçada.

Nessas imagens é possível ver o animal cambaleando.

A família socorreu o cachorro para uma clínica veterinária. Ele ainda ficou vivo por duas horas. Na clínica foi constatado que o tiro foi desferido de cima para baixo, a bala entrou no dorso direito, atingindo pulmões, diafragma, estômago e baço, saindo pelo flanco esquerdo.

A polícia militar foi chamada e o policial foi encontrado em casa. O subtenente reformado da Polícia Militar de Minas Gerais, Anderson Carlos Teixeira, de 52 anos, foi levado para a delegacia e autuado por crime de maus-tratos a animais. Mas foi solto na audiência de custódia, sem pagar fiança e está proibido de sair da Grande Vitória e portar arma de fogo.

COMO FOI A OITIVA
A CPI de Maus-Tratos contra os Animais foi informada sobre o caso e logo a equipe entrou em ação. Foi ao local, conversou com testemunhas, foi à clínica veterinária para saber mais detalhes sobre o ferimento que tirou a vida do Churros.

A oitiva sobre o caso aconteceu nesta quarta-feira, dia 13, quatro dias depois do fato. O suspeito, policial militar aposentado, Anderson Carlos Teixeira, não compareceu e vai ser convocado novamente pela CPI. Se na terceira convocação ele não comparecer, pode ser solicitada a condução coercitiva.

TUTORA SE EMOCIONA
A tutora Iasmin Lima Peçanha Avelar levou o pai do Churros, o golden chamado Volks. Ela contou que foi apenas dar uma volta no quarteirão, num lugar tranquilo, por isso não usou coleira. Ela disse que o Churros pulou para brincar com o policial quando tudo aconteceu.

Pai do Churros, o golden chamado Volks.

“O policial disse que ia matar o nosso cachorro. Eu pedi desculpas e implorei para que ele não atirasse no Churros. Mesmo assim ele atirou. As crianças ficaram desesperadas. Socorremos imediatamente e foi um desespero quando eu soube que ele não tinha sobrevivido. Está sendo muito difícil para nossa família”.

Iasmin Lima Peçanha Avelar, tutora do Churros.

JOVEM ESTÁ SEM AÇÃO 
O pai de Iasmin, André Luiz Peçanha, contou que o enteado dele, que tem autismo leve, era muito apegado ao Churros, e desde que o cachorro morreu, ele praticamente não fala.

“Ele tinha se desenvolvido muito com o contato com o Churros e agora parece que regrediu uns 4 anos. Não fala, não quer comer, está retraído. Não sabemos nem como agir”.

Uma testemunha do caso contou que ouviu o policial falando que ia matar o cachorro.

O veterinário que atendeu o cachorro, Gabriel Marchesi Lira, disse que mesmo com dor, o animal não teve qualquer reação agressiva.

O Plenário Dirceu Cardoso recebeu vários protetores da causa animal. Na mesa diretora, junto com a presidente da CPI, Janete de Sá, estavam a procuradora da Causa Animal do Ministério Público do Estado, Edwiges Dias, o representante da OAB, Breno Panetto, o deputado estadual Alexandre Chambinho, relator da CPI, o representante do Conselho Regional de Medicina Veterinária do ES, Rodolfo José da Silva Barros, a presidente da Sopaes, Regina Mazzoco e procurador da Assembleia. 

O deputado federal, Fred Costa, autor da lei Sansão (lei federal contra maus-tratos a animais) participou de forma on-line e se mostrou indignado com tamanha crueldade.

RELEMBRE O CASO
No último sábado, dia 09 de setembro, a tutora do cachorro da raça Golden Retriever, chamado Churros, passeava com o animal e mais três crianças (de 12, 9 e 1 ano) em uma rua na Praia do Morro, em Guarapari.

O cão teria latido e pulado em um policial que passou no local. O subtenente reformado da Polícia Militar de Minas Gerais, Anderson Carlos Teixeira, de 52 anos, se assustou e teria dito que ia matar o cachorro.

Mesmo diante do pedido desesperado das crianças para que não fizesse isso, o homem atirou e o cachorro foi baleado. Churros foi socorrido pela família, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

O policial foi detido e depois liberado na audiência de custódia, sem pagar fiança. Ele não pode sair da Grande Vitória nem usar arma de fogo.

Já a tutora do cachorro assinou um termo circunstanciado porque o cachorro estava sem coleira. Ela disse que o cão é dócil e saía pouco de casa. 

Como o policial não compareceu na oitiva, a presidente da CPI dos Maus-Tratos contra os Animais, deputada estadual Janete de Sá, vai convocá-lo novamente.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

*