Descobertas duas novas espécies de insetos em região pouco conhecida da Mata Atlântica

today19 de abril de 2023
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As novas espécies de psicodídeos, também conhecidos como mosquitinhos-de-banheiro ou moscas-mariposas, reforçam a qualidade ambiental dessas montanhas

Duas novas espécies de psicodídeos, insetos conhecidos como mosquitinhos-de-banheiro ou moscas-mariposas (do inglês moth flies), foram descobertas numa região pouco conhecida da Mata Atlântica, situada num conjunto de montanhas do município de Conselheiro Pena, no leste de Minas Gerais.

A descoberta dessas espécies funciona como mais um indicador da qualidade ambiental dessas montanhas, que ainda não são protegidas e estão sujeitas a ameaças como incêndios e desmatamento. O estudo foi publicado na revista científica Zootaxa, editada na Nova Zelândia. As espécies foram nomeadas como Arisemus sinuosus e Neopericoma bela. Além de descrever duas novas espécies, o estudo propõe um novo gênero, nomeado Neopericoma, já que uma das espécies não se encaixava em nenhum dos gêneros já conhecidos de psicodídeos.  

“Apesar de serem parecidas com aqueles mosquitinhos-de-banheiro que vemos nas nossas casas, quando observamos essas novas espécies em microscópio, encontramos muitas diferenças, como formato das estruturas da cabeça e das asas, e também estruturas utilizadas na cópula, características usadas no reconhecimento das diferentes espécies”, explica o entomólogo Danilo Pacheco Cordeiro, pesquisador do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA).

Cordeiro confirmou a descoberta das novas espécies após expedições de campo para coleta de insetos na região, realizadas entre março de 2021 e fevereiro de 2022, e o estudo desses espécimes em laboratório. A pesquisa teve a participação da doutoranda Jéssica Luna Camico, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).

“Embora algumas poucas espécies desses mosquitinhos tenham se adaptado bem a viver no ambiente urbano, a grande maioria das espécies só é  encontrada em ambientes naturais preservados, reproduzindo-se nas margens de riachos, dentro da água acumulada em bromélias e em diversos outros ambientes, ajudando na decomposição e ciclagem de nutrientes”, explica o pesquisador do INMA.

Esses insetos bem pequeninos – medem menos que 3 milímetros de comprimento – são bastante importantes para o ambiente. Eles participam da ciclagem de nutrientes, ajudando a disponibilizar nutrientes para absorção pelas plantas, e da cadeia trófica, servindo de alimento para outros pequenos animais.

“Conhecer essas espécies tem grande importância também pelas informações associadas, que ajudam a conhecer a biodiversidade de um determinado ambiente e guardam a história evolutiva desses insetos”, destaca Cordeiro.

A Mata Atlântica é o bioma mais populoso do Brasil e o primeiro a ser desbravado por pesquisadores. Ainda assim, muitas áreas da Mata Atlântica permanecem inexploradas até hoje. Esse é o caso da região estudada por cientistas do INMA, unidade de pesquisa vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A região tem revelado diversas novas espécies de plantas e animais nos últimos anos.

As coletas realizadas pela equipe do INMA nesta área de Mata Atlântica estão sendo estudadas pelos pesquisadores e vem trazendo muitas novidades sobre a fauna e a flora. Em 2022, uma nova espécie de um grupo raro de piolhos-de-vida-livre foi descrita e em breve mais novidades devem ser anunciadas. Esses estudos contribuem com o conhecimento da biodiversidade dessas áreas e visam subsidiar ações de conservação na região, como a proposição de uma Unidade de Conservação.

O INMA
O INMA é uma instituição federal vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Criado em 2014, o INMA originou-se do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, fundado pelo cientista Augusto Ruschi, Patrono da Ecologia no Brasil. Tem como missão produzir, apoiar a produção, sintetizar e difundir conhecimento científico, com o propósito de contribuir para a conservação, restauração e uso sustentável da biodiversidade da Mata Atlântica. Atua de forma a ser referência na geração e divulgação de conhecimentos relacionados ao passado, presente e futuro desse bioma.

O INMA guarda importantes coleções científicas – zoológica, botânica e documental. Este valioso acervo está disponível para a comunidade científica e é fundamental para o desenvolvimento da pesquisa nessas áreas.

Sua sede ocupa uma área de 77 mil metros quadrados no centro da cidade, tendo importante papel na divulgação da ciência e educação ambiental dos munícipes e da população flutuante que visita o INMA. Anualmente, o INMA recebe cerca de 90 mil visitantes.

Além do parque zoobotânico, o INMA gerencia duas estações biológicas – Estação Biológica de Santa Lúcia e Estação Biológica de São Lourenço – com o objetivo de apoiar as pesquisas de campo de sua equipe e de instituições parceiras. A Estação Biológica de Santa Lúcia, localizada a 8 km da sede do INMA, possui infraestrutura de alojamento e laboratório de campo para a recepção de pesquisadores e estudantes.

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