Independência financeira pode mudar a vida de pessoas que sofreram violência
A dependência financeira é, muitas vezes, gatilho para que muitas mulheres vivam em um lar onde impera a violência doméstica. Para quebrar esse ciclo, uma das ações ofertadas pela Prefeitura da Serra é para ajudar essas mulheres a terem autonomia financeira para serem protagonistas da própria história.
Uma mulher que está nesse processo é Esmeralda Pimenta, de 40 anos, que viveu por 18 com um homem que praticava esse crime. Ela fez um curso profissionalizante e espera ser contratada para a função em 2022.
“Não entrei para estatística de mais uma mulher morta ou tentativa brutal de feminicídio. Hoje estou vivendo em paz e acreditando que uma nova e grande história Deus tem para mim e para os meus filhos” declara Esmeralda.
A cidadã participa do projeto Encoraja Elas, da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (Seppom), que encaminha mulheres que foram vítimas de violência doméstica para cursos com possibilidade de contratação. O projeto tem a parceria com Findes, Sesi e Senai.
A capacitação, de 40 horas, foi realizada com 20 mulheres que fizeram curso de operadoras de ponte rolante. Elas estão passando por um processo de seleção para uma empresa de siderurgia da Serra.
Confira a história de Esmeralda Pimenta
“Vivi por 18 anos em um casamento conturbado. Dessa união tivemos três filhos.
Conheci a Seppom quando prestei serviço de limpeza e manutenção na secretaria, onde comecei a me identificar com as mulheres atendidas ali. Nesse momento, tomei consciência que o relacionamento não era tão saudável e normal como pensava. A violência era normalizada na minha casa.
Em 2018 veio a oportunidade de participar do projeto “Mulheres da Paz” e, com todas essas informações abri meus olhos para ver os tipos de violência existentes: verbal, psicológica, financeira, material, moral e física e que essa realidade estava afetando também meus filhos.
Percebi que só eu poderia quebrar esse ciclo e que só assim teríamos paz novamente. O primeiro passo foi aceitar que sozinha não conseguiria.
Encontrei apoio em Deus, na Seppom e também no projeto do meu bairro. Tive direcionamento assertivo para uma mudança de mente e vida. Não entrei para a estatística de mais uma mulher morta. Hoje estou vivendo em paz, acreditando que uma nova e grande história Deus tem para nós.
Digo que somos resilientes diante de tudo que passamos, pois não é fácil. Mas posso ver também que todo esse processo tem me tornado uma mãe e uma cidadã melhor.
Escolhi ser uma pessoa em construção para ser autora da minha própria história, começando com uma autonomia financeira. Estou almejando um futuro promissor para mim e os meus filhos. Sou a resposta de vozes que gritaram por mim enquanto eu estava em silêncio.
Sobre expor o meu nome em uma matéria pública só posso dizer que meu nome é minha identidade e nenhum algoz tem o poder de tirá-lo de mim. Meu nome tem o dever de quebrar o ciclo de violência que pode se perpétua em outros lares.
Não devemos ficar refém do medo. Somos capazes de mudar a história de uma família”, finalizou Esmeralda.